SÃO PAULO - Já está aberta ao público a exposição “Hospedaria dos Imigrantes do Brás”, o marco principal da celebração dos
120 anos da casa que recebeu cerca de 3,5 milhões de imigrantes de mais de 70 países entre os anos de 1887 e 1978.
A mostra, produzida pelo Estúdio GRU e com a curadoria dos historiadores Odair da Cruz Paiva e Soraya Moura, traz documentos, utensílios e fotografias que contam tanto a história
da construção da Hospedaria dos Imigrantes quanto da vida de tantas pessoas que atravessaram o oceano para tentar ganhar a vida no Brasil.
O ponto alto da exposição é a parede com sobrenomes de mais de 10 mil famílias que passaram pela Hospedaria desde o século XIX até 1979 do século XX,
listados de A a Z. No total, foram mais de 2 milhões de famílias registradas. Instalados na parede, computadores permitem a busca por sobrenomes e nomes de todos os imigrantes que se
hospedaram. Outros destaques vão para itens originais da construção, como um tijolo, uma telha, piso, uma viga de madeira e um mastro principal peça da Hospedaria na época.
Um vídeo de cinco minutos é exibido numa projeção de 6 metros e explica o porquê da criação da Hospedaria. Uma sala com fotos e depoimentos dos imigrantes
também chama a atenção.
Todo o acervo utilizado na exposição já estava no Memorial do Imigrante, o que facilitou muito a montagem. “Nosso desafio foi traduzir para uma linguagem moderna as coisas
do nosso passado utilizando vídeo e tecnologia”, explicou o curador Odair.
Essa mistura entre museu e mundo digital já deixou de ser tendência. “Os museus se transformaram em espaços mais interativos. Antes era sem movimento, muito fechado e esse
tipo de instalação já está em desuso”, conta Odair que vê na resposta das crianças e das escolas uma avaliação positiva deste formato. "Trazer
o ludico para dentro do museu é importante porque as crianças descobrem um mundo novo com as próprias mãos", conclui.
Para Fábia Feixas, produtora da exposição, os recursos disponibilizados, estudos sobre o assunto e uma equipe bem organizada foram fundamentais para a realização
do projeto, que foi finalizado em apenas dois meses. “Agora queremos ampliar o que já temos para abranger o processo migratório como um todo, e não só a Hospedaria”,
disse Flávia. Mas estes são planos para o ano que vem.