Revista ISTOé - Gente . 20/10/2003 . Diversão & arte - Exposição
CCBB-Rio exibe 300 peças de 31 países que deixam clara a influência do continente na arte moderna
Paula Alzugaray
Quando Picasso pintou Les Demoiselles d’Avignon, em 1907,
trocando o rosto de uma mulher pelo de uma máscara do Congo, abriu a fase revolucionária da arte moderna. As
máscaras africanas exerceram o mesmo poder de encantamento sobre Matisse, Giacometti e os artistas do
expressionismo alemão, que nos anos 20 elegeram o acervo de arte africana do Museu Etnográfico de Berlim como fonte de
inspiração e local de estudos. Hoje, um conjunto considerável de 300 peças desse museu forma a exposição Arte da África,
em cartaz no CCBB-Rio. “A arte africana foi ponto de referência para a arte moderna e continua sendo uma fonte de inspiração
para muitos artistas contemporâneos”, diz Alfons Hug, idealizador e coordenador da mostra, que traz obras de 31
países da África subsaariana.
Diversos segmentos da cultura brasileira também podem
encontrar motivos de sobra para se identificar. A começar pela coleção de instrumentos musicais. A exposição é dividida em
três eixos temáticos: esculturas figurativas, objetos cotidianos e instrumentos de performance. Todas as obras são dotadas de
funções, sejam religiosas, sociais ou políticas. As famosas máscaras, por exemplo, são integrantes das artes
performáticas. Nesta exposição, elas poderão ser vistas também em ação, em um filme de desfile de máscaras do
Reino Oku, em Camarões. Encontre suas raízes.